“Berravam desde fora: «que saia a rainha se quer, para ela damos permissão; os demais que morram a ferro e lume». [...] Saiu a rainha da torre. Quando a viram, botaram-se a ela, agarraram-na e tiraram-na no chão, na lama, raptaram-na como lobos e rasgaram-lhe os vestidos. Com o corpo despido de peito para baixo, ficou vergonhentamente exposta diante de todos durante muito tempo. Muitos quiseram lapidá-la e uma velha feriu-a gravemente na meixela com uma pedra.” Isto foi por 1117, há novecentos anos, em Compostela. E assim o conta a História Compostelana , livro 1, capítulo 114. O relato — um dos que ficam ocultos entre o silenciamento geral da história medieval da Galiza — é o de um dos primeiros levantes populares urbanos da Europa medieval, que a historiografia tradicional explica como uma simples sequência dos conflitos sucessórios dos reinos da Galiza, Leão e Castela após a morte do rei Afonso VI. Com efeito, a assim humilhada era a raínha Urraca (filha desse mesmo Afonso), que...
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