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Fervença das hortas no rio de Saímes, que separa os concelhos de Arçúa e Touro |
Arçúa
Boimorto
Boimorto apenas existe como concelho desde 1835, quando foi estabelecida a última estruturação municipal. As freguesias que hoje fazem parte de Boimorto estavam antes divididas entre os concelhos de Arçúa e Messia, que por sua vez corresponde à comarca de Ordens.Seja lá como for, a segunda parte, -morto, parece relacionada claramente como o céltico *mor-, com valor oronímico, ou também, segundo Costa (2009), um grau zero do IE *meur-, com o significado de lodaçal. A etimologia de Boimorto é, portanto, controversa: poderia relacionar-se com bodo e *meur-, dando como significado um hidrónimo terroso ou um curso especialmente lamacento de um rio; ou poderia relacionar-se com os orónimos *boi- e *mor-, dando origem a um pleonasmo que, por sê-lo, também não deve estranhar a ninguém que procure a origem dos nossos topónimos. Em todo caso, é um topónimo consolidado bem cedo, com a sua forma atual recolhida já no século X, no Tombo de Celanova (CODOLGA, 961): «quod nunc vocatur Cerserelio qui est inter villa Sanbadi et Boimorto»
Pino
Muita menos explicação requer o corónimo do Pino, que só não resulta transparente pola lenta desaparição — por pressão do barbarismo castelhano El Pino — do particípio pino, -a com o significado de empinado, íngreme. Nada a ver com pinheiros, em qualquer caso e por mais que uma árvore seja o centro do escudo municipal, se tivermos em conta que no étimo latino, pīnus, o i longo se encarrega de modificar o -n- tornando-o velar /ɲ/, e que, portanto, a evolução do pinheiro latino seria pīnus > pinius > pinhu > pinho, e nunca *pino.Touro
Em troca, sobre Touro convém deter-se um bocado, porque está estendidíssima a ideia de que tenha algo a ver com os touros, do mesmo modo que muitos outros topónimos com raíz semelhante: Tourinhão, Tourém, Touriga, Toural, Touredo, Tourinha e um longuíssimo etcétera. Já foi dito, como norma geral, que convém desconfiar dos zootopónimos e dos fitotopónimos, não sendo que expressem conjuntos mais ou menos grandes, com entidade avonda para georreferenciar um lugar, para o nomear. Não é o caso de Touro. Primeiro, porque um touro não tem essa entidade; segundo, porque touros há por toda a parte. Em qualquer caso, a teima em relacionar Touro com o animal do mesmo nome não é um problema exclusivo deste caso. Também é muito comum noutros lugares, alguns dos quais até têm a sua história etimológica bem à vista, como Toro, vila oriental da província de Zamora, cujo nome é evolução da expressão campu gothorum, campo de godos.Voltando para Touro, parece mais inteligente procurar uma explicação na sua extensa série, onde também se encontram formas sem diptongação — Toronho, Torronha — e que vai além da Galiza: Tauriac, Thoiré, Thorey, Thoiry, Toury na França, por exemplo. Todas estas formas podem relacionar-se com o pré-romano *teu/*tu, com o significado de 'inchar-se, tornar-se forte', que no plano da toponímia marca claramente um orotopónimo, o nome de uma elevação. Por sinal, é provável que a mesma raíz esteja também na história da palavra latina taurus para se referir ao animal, mas para este caso, a raíz deveu chegar diretamente, sem passar polo latim.
Antes de nada, noraboa pola vosa estupenda iniciativa para o coñecemento dos nomes do noso país. Sobre as propostas de Arçúa engadirvos a de; https://anosahistoria.blogspot.com/2009/06/arzua-non-foi-araduca-falsa-historia.html
ResponderEliminarA proposta de Bascuas en referencia a un hidrónimo non parece doada de defender, nin na parroquia de Sta. María nin na de Santiago hai ríos ou regatos. Un saúdo e moita forza.